sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Fé na ponta da chuteira?

É hora do futebol aprender uma lição. Alemanha é um país onde o futebol possui grande consideração: é o quinto colocado no ranking da FIFA e é tri-campeão mundial.

O recente suicídio do goleiro alemão Robert Enke, atuante no Hannover, causou grande impressão nos jogadores, torcedores e em toda nação. É uma tragédia que provoca um grande interrogante existencial. Um caso triste que deveria chamar a atenção à formação dos atletas.

Atenta às necessidades dos jogadores, a Associação dos Profissionais do Futebol Alemão (VDV) lhes oferece também apoio espiritual. Se reconhece, portanto, que o psicólogo ajuda em caso de problemas de motivações, bloqueios no rendimento. Não obstante, muitas dificuldades poderiam ser resolvidas falando com um sacerdote. O apoio espiritual dá uma cobertura bem mais ampla.

O interesse da assistência religiosa pelos jogadores parece já ter sido identificado há algum tempo pelos responsáveis dos times. O estádio do Schalke, por exemplo, está equipado desde 2001 com uma capela. O fato de times terem capelães é a melhor prova.

Alguns jogadores, conscientes da grande influência que exercem na juventude, participam de eventos de evangelização, dão depoimentos de fé e transmitem valores aos jovens. Para muitos é uma redescoberta da importância da prática religiosa para sua vida e sua família.

O futebol não pode ser um setor totalizante. É uma ocasião, portanto, de avaliar o incentivo e a formação religiosa dos jovens que aspiram ao esporte profissional. Por isso, “um adolescente que sonha ser estrela tem que brilhar primeiro na escola, na catequese e na família”, afirmou Metzelder, integrante da seleção alemã.

O exterior impressiona, mas, no fundo, são os gestos do coração os que mais comovem: um beijo ao anel matrimonial, um sinal da cruz com devoção, o sorriso ao céu do Ronaldinho... A aparência é uma coisa, outra o que a pessoa leva no coração. É o paradoxo de tantos ídolos deste mundo. Como explicar o triste destino desse jogador?

Jogadores sofrem momentos de crise. No Brasil assistimos o caso do Adriano: quando o pai dele morreu, estava num grande momento da sua carreira, mas esse fato mudou o seu comportamento, começou a beber e sair às festas. Em vez de superar a crise, o problema se agravou. Da Inter de Milão foi para o São Paulo, como empréstimo de meio ano. Voltou para o Inter, mas nada mudou. A melhoria veio quando Adriano decidiu voltar para o time dos seus sonhos. No Flamengo está em segundo lugar do brasileirão e está fazendo tudo o possível para receber uma vaga na seleção.

O talento no campo não basta, pois a realidade do profissional é complexa: porsche, discoteca, suar a camisa é fácil, mas não é tudo. Seria uma banalidade crer que o jogador é o que ele joga em 90 minutos.

Os jogadores da seleção brasileira, ao conquistarem a Copa das Confederações, fizeram uma roda no centro do campo e rezaram. Embora alguns europeus protestassem dizendo que a religião não tem lugar no futebol, o gesto do time do Dunga foi uma grande lição de fé para o mundo inteiro.

Quando o esporte acontece mais fora que dentro do campo, pode até distrair dos problemas, mas não lhes dá resposta. Eis a grande diferença e a lição da fé.

Sem. Jauri Strieder, LC

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